terça-feira, 17 de novembro de 2009

Borderline

Ela abre os olhos. O banheiro é frio, branco. Sentada no chão, ela respira fundo, as lágrimas escorrendo, fecha os olhos, morde o lábio, fura o braço, rasga. O sangue escorre lento, carregado de veneno, carregado da dor. Seus pais não sabem lidar com ela, seus amigos lhe deram as costas, ele namora outra guria, ele não gosta dela.
Entre as quatro paredes insípidas, ninguém se importa. O grito bate e volta. Não ecoa em lugar nenhum, não é ouvido por ninguém. A dor palpita dentro dela pedindo para sair. O alivío se encontra na faca. Um corte lento, mais uma cicatriz.
Ela abre os olhos. Tudo igual, ela esperava mais, o alívio já se foi. Era só isso? Não passou, não passou... Sentada no chão ela respira fundo, as lágrimas escorrendo, fecha os olhos, morde o lábio, fura o braço, rasga.



Texto do primeiro semestre de 2008.

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