sábado, 30 de maio de 2009

É assim que eu te vejo:
Parado, de lado, absorto e só
Sem olhos para me olhar, sem ouvidos para me escutar, sem nada
...
É assim que eu me vejo:
Parada, de lado, absorta e só
Te olhando, te ouvindo, sonhando, sonhei


Escrito por Mariluce Almeida Weber, minha mãe, em meados de 1982.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um segredo sagrado, uma vontade insaciada.
"Não hás de cobiçar a mulher do próximo."
Palavras de Deus gravadas em pedra no Decálogo.
Como se eu me importasse com religião.
Inexata Ciência do Sentimento, sou teu servo.

domingo, 24 de maio de 2009

Faço-te uma prece antes de dormir. Busco abrigo em teus braços, um apelo desesperado de zelo. No viés estreito em que te vejo somente sou capaz de ver o reflexo reluzente da tua alma. E ludibriada sacio-me de carinho inexistente e da tua santa proteção.
Eis que em dado momento anseio por mais, quero também eu ascender para ao teu lado estar. "Eleva-me" - eu te suplico. "Deixa-me subir ao teu lado. Meu devotado amor já não pode esperar, quero beijar os teus olhos de santa." Porém me olhas enternecida e nega.
Mas como posso eu privar-me de ti? Não entendo como podes negar tão sincero sentimento.
"Abre teu horizonte e verás que já me encontro próxima." - diz-me. Então olho nos teus olhos pela primeiríssima vez. E desta troca de olhares me escorre água benta. Enxerguei em ti horrendo pecado: um amor nosso que era tão somente meu.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fui apenas um grão de areia em teu mundo. Já tu foste montanha para mim. Causei em ti apenas pequeno desconforto, culpa da minha aspereza de areia; talvez tenha aquecido o teu corpo ao segurar o calor do sol, mas ao cair da noite também eu esfriei.
Verdade é que não importa como se deram os fatos: o que fica de concreto é que o vento soprou e me levou para longe de ti sem que ao menos percebesses.
Enquanto isso tua existência é imponente dentro do meu ser. Te fixaste ao centro e fizeste de ti o meu Norte. Não posso mais ignorar tua presença se tudo o que eu faço é regido pela tua sombra. Mesmo que eu queira, és grande demais em mim para que eu saiba como perder-te.

domingo, 17 de maio de 2009

Deixaste-me sem perspectiva de retorno. Mas teu cheiro ficou em mim, assim como a tua saudade, assim como o meu coração que bate dolorido. Fecho os olhos e te sinto perto, abro os olhos e vejo que é só uma ilusão. Maldito perfume, maldita saudade. Tenho vontade de despir-me: jogar minhas roupas ao chão, jogar tua lembrança ao chão, jogar tudo o que eu sinto ao chão. No entanto, palpita pesaroso o meu coração e me diz que não. Diz-me ele que te deixe comigo, que sinta o teu perfume nas minhas roupas, próximo ao meu peito e que te queira mais e mais. Mesmo que eu saiba que não vais voltar, ignoro a voz da razão, escuto triste ao que me diz a emoção: anseio por tua presença como nunca antes. No entanto sei que não vais voltar, sei que já não te pertenço e que jamais te possuí. Somos caminhos cruzados em vias de sentido contrário: quero dar meia-volta e me juntar a ti.


[escrito em 08 de abril de 2009.]

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Platonismo

Escorrego meus olhos pelo teu corpo
Te analiso, te decifro
Mas não ouso olhar-te nos olhos.

Sussurro o teu nome
Que sai de sai mim, que cai de mim, que foge de mim
Mas não ouso chamar-te.

A ti:
Te imagino, te procuro, te acho, te quero
Mas não ouso possuir-te.