terça-feira, 17 de novembro de 2009

No I in threesome

Este é um jogo para dois. E quem eu quero, não quer jogar comigo. Não há espaço para um terceiro, mas eu insisto.
No jogo eu roubo um beijo. Os lábios são tão doces que eu podia jurar serem feitos de mel, mas o gosto que ela sente é azedo. Meu coração bate descompassado, o dela bate seguindo a cadência de uma música triste. O seu corpo me é desejo, o meu lhe é monotonia.
Palavras de amor jogadas ao vento, confissões ditas ao pé do ouvido de ninguém, rosas enviadas sem destino.
Não adianta, as regras devem ser seguidas. Não sobrou espaço, terminei por jogar sozinha.



Texto do primeiro semestre de 2008.

Borderline

Ela abre os olhos. O banheiro é frio, branco. Sentada no chão, ela respira fundo, as lágrimas escorrendo, fecha os olhos, morde o lábio, fura o braço, rasga. O sangue escorre lento, carregado de veneno, carregado da dor. Seus pais não sabem lidar com ela, seus amigos lhe deram as costas, ele namora outra guria, ele não gosta dela.
Entre as quatro paredes insípidas, ninguém se importa. O grito bate e volta. Não ecoa em lugar nenhum, não é ouvido por ninguém. A dor palpita dentro dela pedindo para sair. O alivío se encontra na faca. Um corte lento, mais uma cicatriz.
Ela abre os olhos. Tudo igual, ela esperava mais, o alívio já se foi. Era só isso? Não passou, não passou... Sentada no chão ela respira fundo, as lágrimas escorrendo, fecha os olhos, morde o lábio, fura o braço, rasga.



Texto do primeiro semestre de 2008.