quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Canela, 22 de Novembro de 2008

Caro Wilhelm,

Neste caderno antigo vejo as marcas de meu passado. Posso vê-las e posso sentí-las. No entanto, sou incapaz de decifrá-las, lhes falta a tinta, ficaram somente os sulcos no papel. E assim, aquilo que deveria ser eterno, perdeu-se. Como eu também me perdi. Sou somente um espectro do que fui e incapaz de decifrar-me. Aqueles que eram capazes de ler-me enquanto palavras, hoje sentem minha falta. Mas eu estou aqui, gravada como os sulcos do papel. E também, como faço agora nesta folha, me escrevo em novas palavras. Escrevo com tinta e mão firme, com o intuito de que não se percam.
Ainda me julgo despreparada para decifrar este discurso supostamente eterno, então apenas rezo para que este não fuja de meu alcance, deixando mais uma vez somentes marcas invisíveis.